Uma porta discreta, na improvável Avenida Juscelino Kubitschek, abrindo-se para um ambiente de grande beleza: amplo espaço, espelho d’água na entrada, projeto que mistura muita madeira e muito verde (alguns milhares de espécies da Mata Atlântica), com detalhes de extremo bom gosto. Um escape perfeito ao ritmo frenético da cinzenta São Paulo.
Minha impressão primeira, à época da inauguração, foi a de que seria uma casa que valeria a visita mais pelo ambiente do que pela comida em si. Alguns meses se passaram, o chef Pascal Valero entrou em cena, e começaram a surgir elogios aqui e ali. Incluí o restaurante na minha lista, mas lamento informar que meu jantar no Kaá reproduziu fielmente aquela primeira impressão.
A comida não chegou a decepcionar, mas também não entusiasmou. Mediana, não mais que isso. E sendo Paulo Barros um dos sócios da casa, esperava mais das massas, que vieram apenas corretas.
As sobremesas, essas sim, decepcionaram. Depois de comer o delicadíssimo mil folhas do Ici Bistrô no almoço daquele mesmo dia, não deu pra ir adiante no mil folhas de recheio pesado que chegou à mesa no Kaá. A versão do tiramisù não salvou a situação: a suposta mousse de caramelo com raspadinhas de café mais parecia um flan industrializado, tamanha a quantidade de gelatina.
Eu diria que é possível ser feliz no Kaá, desde que se vá com as intenções certas: uma refeição sem maiores pretensões, num lugar especialmente bonito e agradável. Nem mais, nem menos.
Kaá - Av. Juscelino Kubitschek 279 – Vila Olímpia
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